Objetivo

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

...Eu Vou...

Caminho pelas estradas da vida que me levam a lugares tão desconhecidos... Seu rosto aparece, desaparece e reaparece na minha memória, em flashes de lembranças boas e ruins que representam um passado já passado, castelos de areia de um mundo irreal que foram destruídos pelas ondas do mar.
Um dia fomos um só. E hoje, quem somos nós? Personagens de uma história sem final feliz. Protagonistas de uma vida que nunca existiu. Noivos de um casamento que não aconteceu. Pais de filhos que não nasceram. Amantes de um amor que não se concretizou.
O que posso eu fazer? Não há mais lágrimas para derramar, não há mais palavras para dizer, não há mais saudades para sentir. Um amor que já foi o mais lindo do mundo, hoje não passa de uma pilha empoeirada de velhas lembranças. Do brilho dos seus olhos. Do som das suas palavras. Da emoção das suas raras declarações de amor. Do toque do seu celular. Dos beijos que me faziam arder em desejo. Dos seus braços me envolvendo em um abraço apertado. Das viagens que fizemos. Dos planos que traçamos. Dos sonhos que não realizamos. Da melhor vida que eu já vivi...
Olhos que nunca mais vou olhar. Boca que nunca mais vou beijar. Mãos que nunca mais vou sentir. Corpo que nunca mais vou tocar. Voz que nunca mais vou ouvir. Sentimentos que terei que sufocar e prender dentro do meu coração...
O que devo eu fazer? Recolher as lembranças espalhadas pelo chão, varrer os cacos do meu coração apaixonado. Cacos no lixo e lembranças no baú, ou cacos no baú e lembranças no lixo? Sua imagem aparece, clareia e escurece, não há mais saída senão deixar a cena, batendo a porta.
Não há mais lágrimas para chorar. Não há mais como reescrever nossa história, nem tatuar meu nome no seu coração...
Um último suspiro. Um passo em falso. Hesito. Não quero ir embora. Não posso ir embora. Mas devo ir embora. Apago a luz e fecho a porta, trancando-a. Um fio de sol desafia a janela, atravessando-a e iluminando meu rosto cansado de sofrer.
Ouço o canto dos pássaros. Uma nova vida me espera lá fora... e eu vou... deixando a vida me levar... eu vou... brisa do vento beijando minha face, acarinhando meus cabelos, limpando a minha alma. Eu vou.

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