Objetivo

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Banalidades do mundo moderno

A ociosidade às vezes nos faz refletir sobre cada assunto idiota... o que mais me entristece em tudo isso é que, é idiota, mas é real...
Ontem me faltou coragem para ir à faculdade, então, terminado meu longo expediente (o dia ontem não queria passar de jeito nenhum!) fui direto para a minha casa, sonhando com um banho bem quentinho, meu pijama de ursinho e minha cama bem aconchegante.
Acontece que não foi possível realizar meus planos tão cedo, uma vez que quando temos família somos constantemente cobrados no quesito dar atenção a eles. Pois foi exatamente o que me aconteceu ontem: tive que fazer sala para um tio e sua namorada que estão lá em casa e que vão embora amanhã bem cedinho.
O mais legal de tudo é que não havia nenhum assunto a ser conversado entre nós, mas a obrigação de ser educado e simpático me fez permanecer ali, em frente à televisão e com eles, mais assistindo televisão do que efetivamente conversando sobre algum assunto interessante.
O programa que estava passando era um daqueles da linha “super educativo”, ou seja, tudo o que você não deve fazer se quiser não ser uma pessoa ridícula e/ou bizarra e/ou exibicionista. Acho que nem preciso colocar o nome do programa aqui, pois a maioria das pessoas já imagina qual seja. Particularmente, assisto a este programa quando estou triste ou depressiva, pois vejo um monte de absurdos que me fazem rir e me sentir um ser humano adorável, maravilhoso e muito digno. O programa de ontem, uma reprise, levava ao palco uma fulana com sobrenome “artístico” de chocolate que colocou 3,5 litros de hidrogel (alguma coisa parecida com silicone – usada em casos que a pessoa quer ter mais que seios fartos, quer se transformar em uma anomalia!) em cada seio e estava exibindo aqueles peitões enormes e desproporcionais como se fossem a coisa mais linda e normal do mundo, além de dizer aos quatro ventos que pretende chegar aos 9 litros em cada seio. Como se não bastasse, estava listando os dois milhões e meio de plásticas que já realizou (lipoaspiração, abdominoplastia, silicone na bunda, botox não sei aonde, e blá blá blá...), tudo na busca do corpo perfeito. De tudo o que esta pessoa (se é que um ser desse pode ser chamado de pessoa) disse em quase duas horas de programa, acho que não dá para aproveitar uma palavra sequer.
Para completar o circo, ainda havia mais duas mulheres no palco para fazer perguntas à peituda, uma é dona de mais de dois milhões de plásticas também (gosta tanto de plásticas que só se casa com cirurgiões rs) e a outra é uma dessas famosas mulheres-fruta com um traseiro do tamanho de uma scania que fica chacoalhando aquela aberração o tempo inteiro, como se fosse a única parte do corpo dela que existisse e tivesse importância (considerando que ela não tem nada no cérebro... é, deve ser a única parte dela que é aproveitável mesmo). A discussão girava em torno de quem era mais gostosa, de quem tinha as maiores medidas, enfim, um monte de banalidades que hoje são o assunto em pauta, a moda do momento. Mais uma vez, nada de aproveitável.
Assistindo àquilo tudo e rindo muito, por um momento parei para refletir e a diversão deu lugar a uma profunda tristeza por sentir o quanto o mundo e muitas pessoas que nele vivem são tão fúteis, que hoje tudo o que importa são as medidas do corpo e se a barriga é zero por cento de gordura. Então, pensei em mim, pensei no quanto a ditadura da beleza já me machucou e em todos os traumas que eu carrego por tentarem me convencer de que ser magra e bonita é tudo o que importa na vida, que as pessoas que estão fora deste padrão não merecem ser felizes e estão à margem da sociedade. Pensei também que, em plena era das mulheres bonecas-infláveis, para que perder meu tempo, minha energia e meus neurônios na faculdade estudando para ser alguém na vida, para ser intelectualmente melhor, se a inteligência não é atributo valorizado atualmente? É melhor parar com todo esse banho de cultura e me inscrever urgentemente em uma academia, além de já começar a pagar as prestações das próteses de silicone e das lipoaspirações. Eu não gostaria de ser uma mulher-objeto, mas cansa e irrita ver que apenas estas mulheres têm valor e reconhecimento no mundo. Eu estou de saco cheio dessas mulheres-fruta, de ver bunda e peito na televisão, de discursos ignorantes sobre a importância da beleza, de revistas de dieta e de todas essas palhaçadas alienantes. Antes estar fora dos padrões mundiais de beleza do que ser anencéfalo, porque a beleza a gravidade um dia, inevitavelmente, destrói, agora o cérebro, se bem usado, te acompanha por toda a velhice. O sexo, um dia, deixa de ser tão intenso e freqüente, agora a conversa, se interessante, mantém uma pessoa ao seu lado pelo resto da vida.
Que amor você está buscando? O amor a imagem ou o amor de almas?

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